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domingo, 17 de outubro de 2010

O deus mercado e as minas chilenas

 O deus mercado e as minas chilenas 
 Da mesma forma que se omite a questão da influência do deus  mercado na mineração, praticamente há um silêncio absoluto sobre as condições de vida dos indígenas mapuches, cujas lideranças estão sendo submetidas a uma legislação da época da hedionda ditadura de Augusto Pinochet e os protestos pouco aparecem.

Por Mario Augusto Jakobskind (*)


 
E, finalmente, acabou o drama dos 33 mineiros chilenos, um acidente que poderia ter sido evitado se os legisladores tivessem aprovado normas mais severas de segurança nas minas. Mas aí os defensores do mercado, entre os quais o atual Presidente Sebastián Piñera, que aproveitou o show midiático que representou o resgate dos mineiros, não quis, por achar que seria prejudicial ao mercado.

Mas poucas vozes lembraram o fato mencionado. Um dos que não esqueceu foi o escritor chileno Luis Sepúlveda. Segundo ele, se tivesse sido aprovado pelo Parlamento um código de trabalho com regras mínimas de segurança, nada disso teria acontecido. Empresas como as responsáveis pela mina San José, onde ocorreu o desmoronamento, teriam sido obrigadas a gastar mais um pouco dos seus lucros para dar segurança aos trabalhadores.

Quando houve a proposta sobre as normas mínimas, um dos ferrenhos opositores foi o então líder da oposição ao governo da Concertación. E sabem quem era ele? Sebastián Piñera, que considerava a medida proposta “burocrática e contrária à liberdade de mercado”. Ele sempre integrou a turma do deus mercado, além de ter apoiado a ditadura de Augusto Pinochet.

O mesmo sorridente Piñera agora é apresentado pela mídia de mercado como “executivo eficiente”. Jornalões e telejornalões mostraram a “festa” e os dias posteriores sem lembrar de um passado recente em que os apologistas do “mercado tudo resolve” tiveram algum tipo de culpa no cartório.

O mundo dá voltas. Um dos mineiros resgatados, o líder do grupo, Luis Urzúa, teve o pai, dirigente sindical do Partido Comunista, desaparecido desde 11 de setembro de 1973, quando da derrubada do Presidente Salvador Allende. O padrasto, Benito Tapia, dirigente sindical dos mineiros, foi uma das vítimas da Caravana da Morte, um esquadrão de extermínio formado em Santiago a mando de um general assassino de nome Sergio Arellano Stark, segundo informa o jornalista argentino Martin Granovsky.

Da mesma forma que se omite a questão da influência do deus mercado na mineração, praticamente há um silêncio absoluto sobre as condições de vida dos indígenas mapuches, cujas lideranças estão sendo submetidas a uma legislação da época da hedionda ditadura de Augusto Pinochet e os protestos pouco aparecem.

A propósito desta figura execrável da história latino-americana, passou pelo Brasil o juiz espanhol Baltazar Garzón, o mesmo que em 1998 prendeu em Londres o ditador chileno. Pinochet acabou voltando ao Chile depois de alguns meses. Ao desembarcar em Santiago deixou de lado a cadeira de rodas que usava para enganar os incautos e saiu andando.

Garzón, que está sendo perseguido pela direita espanhola saudosista do ditador Francisco Franco, recebeu a solidariedade da OAB, que promoverá uma campanha para o juiz voltar às suas atividades na magistratura do seu país, já que está suspenso no momento por ter decidido ir até as últimas consequências em relação às vítimas da ditadura espanhola. Em outras palavras: Garzón tocou numa questão que os franquistas, hoje abrigados em partidos legais, entre os quais o Popular, não podem ouvir falar em rever um passado escondido pelos que se apoderaram da Espanha.

No entender de Garzón, crimes cometidos pelo Estado, como torturas e assassinatos, são imprescritíveis e é necessário que sejam esclarecidos para inclusive evitar a repetição, uma vez que a impunidade acaba estimulando fatos que envergonham a humanidade. Garzón entende que esse raciocínio é válido para todos os países onde o Estado violou ou ainda viola os direitos humanos.

Esse tema aqui no Brasil tem provocado reação dos setores conservadores, que na base de mentiras e meias verdades procuram manipular a opinião publica no sentido de evitar esclarecer as verdades dos anos de chumbo.

Como já foi dito neste espaço, alguns grupos de empresários que apoiaram esquemas repressivos como a Operação Bandeirantes e outros não querem correr o risco de ver desvendado o passado que mergulhou o Brasil em tempos de trevas, porque têm culpa no cartório e tentam manter a falsa imagem de democratas desde criancinha. Aproveitam o fato de alguns militares terem participado desses esquemas e também temerem, para colocá-los na linha de frente contra o esclarecimento da verdade.

Nos justos movimentos de solidariedade a Baltazar Garzón não pode ser omitido o que ocorre nestas plagas. Caso se adote esse procedimento, na prática se estará ingressando na linha de dois pesos duas medidas. E Garzón possivelmente repudia esse procedimento.

No mais, a campanha do segundo turno segue sob fogo cerrado da oposição de direita, nele incluídos saudosistas da ditadura no Brasil. Qualquer semelhança com fatos históricos ocorridos no país, os linchamentos midiáticos de Getúlio Vargas, João Goulart e mesmo Juscelino Kubitschek, não é mera coincidência, como lembraram o Presidente Lula e o Governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.

O tom das críticas à candidata Dilma Rousseff, guardando-se as devidas proporções, é o mesmo daquela época.

*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, mora no Rio de Janeiro e é correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de S. Paulo e editor de Internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do semanário Brasil de Fato. É autor, dentre outros livros, de “América que não está na mídia” e “Dossiê Tim Lopes – Fantástico / Ibope”. É colunista do site “Direto da Redação” e colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

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