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sábado, 30 de outubro de 2010

Vovó Dilma ou vovô Serra?


 - "Gabi, solta um peidinho pro vovô ouvir, solta!"
De quem é essa frase? Quem fez esse pedido despudorado na presença de várias testemunhas? Foi José Serra, avô coruja da Gabi, do Kiko e do Tonho, quando brincava com os netos na sua mansão na Rua Antônio de Gouveia Giudice, no bairro nobre de Alto Pinheiros, em São Paulo? Ou Dilma Rousseff, implorando para que o único neto, Gabriel, recém-nascido, bombardeasse o avô, seu ex-marido Carlos Araújo, na visita que os dois fizeram à maternidade Moinhos de Vento, em Porto Alegre?
Você conhecerá o (a) autor (a) da frase nessa edição. Se você ficar conosco saberá ainda os resultados da pesquisa – única no Brasil - sobre a intenção de votos dos netos feita pelo Data/Taquiprati que, em vez de consultar eleitores, ouviu 2925 crianças. A pergunta foi: se você votasse hoje, qual dos dois avós escolheria para presidir o Brasil? O resultado foi surpreendente, com uma margem de erro muito menor do que a dos institutos tradicionais.

Por José Ribamar Bessa Freire (*)



O peido da vaca
 
Quem não tem netos pode achar estranho um avô querer ouvir o peidinho de uma criança. No entanto, nada mais natural para aqueles que, depois do exercício da maternidade ou da paternidade, se encontram agora em plena curtição da avocidade. Esses acham o pedido plausível, pois sabem que avós são seres que estão se lixando para o que pode ser considerado ridículo. Existe até mesmo uma espécie de maçonaria dos avós, uma rede secreta através da qual trocam esse tipo de experiência, com exemplos incríveis mostrando que qualquer coisa que venha dos netos é bonita.
 
Foi uma dessas confrarias de avós que celebrou a frase. Afinal, quem é o seu autor? O Papa Bento XVI, com certeza, não é. Ele não criou filhos, não tem netos e, com todo respeito, tudo o que fala sobre crianças é pura abobrinha, não é fruto da experiência própria, não tem valor ético, é politicagem do Vaticano. Se o papa fosse avô, certamente puniria a pedofilia no clero, em vez de ficar jogando para a plateia, como cabo eleitoral.
 
Mas Dilma e Serra são avós. Ambos se manifestaram contra o aborto, não iriam querer que o neto abortasse um peidinho. Um deles, portanto, pode muito bem ser o autor da frase. Pode mesmo? Vamos ver. O assunto, de importância transcendental, merece uma análise tanto do ponto de vista programático quanto lexical.
 
Um exame minucioso dos programas de governo de Dilma e Serra comprova o desprezo deles pela questão ambiental defendida por Marina Silva no primeiro turno. Ora, o Brasil é o quarto emissor de gases tóxicos do mundo, devido às queimadas e à emissão de gás metano, produzido pelos gases do gado. Peidos de bois e vacas geram 80% do hidreto de metila disperso na atmosfera. O gás humano, expelido por uma criança a uma velocidade de 0,080m/s, pode contribuir para a poluição ambiental.
 
Serra e Dilma não estão preocupados com isso. O modelo que defendem é o do crescimento econômico a qualquer custo, com geração de renda e emprego. Ambos são capazes de engarrafar os gases produzidos pelos netos, misturando-os com propano e butano, para uso na cozinha. A única diferença, a favor de Dilma, é que ela mantém os recursos naturais como patrimônio do povo brasileiro, já Serra privatiza tudo, o pré-sal e até o pré-peido. Programaticamente falando não existe, portanto, qualquer impedimento para que o autor da frase seja um dos dois.
 
Balança a roseira
 
A prova dos nove, decisiva, fica então transferida para o campo lexical. Na qualidade de avô, Serra seria bem capaz de fazer esse pedido ao neto, mas jamais usaria a palavra “peido”, muito vulgar para um tucano emplumado. Se o autor da frase fosse ele, diria:
 
 - “Expele um flato ruidoso pro nono ouvir, expele”.
 
A máxima concessão lexical seria trocar “expelir” por ‘liberar’. Por isso, Serra está descartado como autor da frase. E a Dilma? Bom, ela é pop, não fala tucanês, jamais falaria ‘flato’, mas também é demasiado recatada e formal para empregar a palavra “peidinho”. Prefere termos como ‘pum’, ‘traque’, ‘triscada’ ou ‘vento’. Talvez, se estivesse inspirada, diria poeticamente: “Balança a roseira pra vovó, balança”. Portanto, do ponto de vista lexical, fica comprovado que nenhum dos dois candidatos pode ser o autor da frase.
 
O autor, na realidade, não é candidato a nada, só a avô anônimo. Trata-se do meu melhor amigo, cuja neta, Ana Pereira, nasceu há duas semanas na Vila Feliz, no Rio Grande do Norte. A frase não se refere a ‘Gabi’, que entrou aqui como Pilatos no Credo, por intriga da oposição. O que ele disse repetidas vezes para sua neta - os vizinhos testemunharam - foi: - “Aninha, solta um peidinho pro vovô ouvir, solta”.
 
Não estou tentando justificar, mas a frase do avô de Ana só adquire significado dentro do contexto em que foi dita. Aninha tem um primo, de nome Marcelo, que por educação ou por consciência ecológica, não balança a roseira, nem expele flatos, o que lhe traz cólicas dolorosas. A avó do menino, preocupada, telefonou ao meu amigo para trocar experiências. Foi ai que ele falou do treinamento intensivo feito com Ana.
 
O treino começou com o avô cantando frevo e chacoalhando a neta. Hoje, quando ele implora para ela se pronunciar, Aninha fica vermelhinha, estica os dois bracinhos, move as perninhas como se estivesse pedalando uma bicicleta, franze o cenho e manda ver. O método se revelou tão eficiente que Aninha está indo a Manaus, onde vai ministrar um workshop aos primos com objetivo de ensinar como é que se balança a seringueira.
 
O avô, babão, declara que já esteve várias vezes perto da morte, mas nunca ficou tão perto da vida quanto no convívio com a neta. Ele lembra a frase de Gore Vidal: “Nunca tenha filhos, só netos. Os netos são a sobremesa da vida”.
 
Seguindo sugestões do avô de Ana, o Data/Taquiprati fez uma pesquisa de intenção de votos com 2925 netos, numa amostragem probabilística, dentro da linha de Cochran, Bolfarine e Bussab.  A margem de erro é de 2%, e o nível de confiança de 97%. Diante da pergunta - qual dos dois avós você escolheria para presidir o Brasil? – 58% dos netos optaram por Dilma, muitos lamentando não poder escolher Marina.
 
A democracia avançou no Brasil. Os eleitores não são obrigados a optar para presidente da República pelo lixo: Collor, Barbalho, Roriz, Calheiros et caterva. Os dois candidatos, Dilma e Serra, independente das alianças que fizeram e das limitações pessoais e políticas de cada um, são nomes dignos e capazes de presidir o país. Afinal, ambos são avós.
 
Se for correta a pesquisa Data/Taquiprati entre os netos, dirigida por dois estatísticos de renome – Geraldinho Pai-da-Greta e Pão Molhado – o Brasil será dirigido pela primeira vez por uma avó. Vamos juntar os cacos e cobrar dela as promessas de campanha.

*José Ribamar Bessa Freire é antropólogo, natural de Manaus e assina no “Diário do Amazonas” coluna semanal tida como uma das mais lidas da região norte. Reside no Rio de Janeiro há mais de 20 anos e é professor da UERJ, onde coordena o programa “Pró-Índio”. Mantém o blogTaqui pra ti e é colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

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