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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Uma fábula quase fabulosa

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A raposa canhota e o veadão predador

Fernando Soares Campos

Era uma vez uma raposa que vivia se gabando de ser muito habilidosa no uso da mão esquerda. Dona Canhota, como ficou conhecida entre os animais da reserva florestal onde ela fazia campanha contra a ação predadora dos veados gigolôs de vaca, que estavam dispostos a abrir clareiras, ou até mesmo destruir o que restou da floresta, a fim de criar um ambiente espaçoso, acolhedor, ecoerótico, em que pudessem receber a visita de suas companheiras bovinas.

– Essa aqui, não! – gritou Dona Canhota ao ver o veadão predador se aproximar de uma castanheira empunhando um tenebroso machado.

– Isso aí não passa de um inútil obstáculo para recebermos nossas mais queridas amigas, as Vacas Selvagens do Capitalismo Sagrado. Por que poupar uma reles Bertholletia excelsa, que, de sublime, só tem o nome? – questionou o veadão.

– Por que esta aqui agrega valor afetivo inegociável. Foi debaixo dela que desenvolvi minhas habilidades canhoteiras.

O veadão sentiu que Dona Canhota estava disposta a defender aquela castanheira a qualquer custo, então, tratou de intimidá-la pressionando com todos os sofismas que encontrou entranhados nos pelos do seu caudaloso rabo, para que ela se embaraçasse e não pudesse argumentar de maneira coerente.

O veadão deu um salto acrobático e se posicionou por detrás da raposa, aplicando-lhe uma gravada e interrogando a fulana de acordo com o método ditabranda.

– Como assim?! Dá pra explicar melhor?

Dona Canhota perdeu o fôlego e, num esforço descomunal, grasnou:

– Conheço... seus... métodos... de... copular... [groooo...!] Comer... assim... é estupro... [ruuum...!] Além disso, posso explicar sem dar.

O veadão soltou a raposa e, ainda fechando o zíper da calça, bramiu:

– Então, desembucha, sua velha canhestra!

A raposa se refez do susto, sentou-se recostada ao tronco da castanheira e pôs-se a chorar resmungando:

– Foi aqui, debaixo dessa castanheira, que desenvolvi um dos meus mais preciosos talentos...

– Como assim? – quis saber o veadão, desta vez empregando “como” como advérbio – Pode me explicar com maiores detalhes?

A raposa abraçou-se à excelsa Bertholletia, beijou-a ternamente, como Judas a Cristo, e falou emocionada:

– Nos períodos da entressafra, quando todas as castanheiras param pra manutenção de suas estruturas reprodutivas, somente esta aqui permanece nos fornecendo a preciosa castanha de que precisamos para nos manter fortes e saudáveis.

– E daí?! Isso é apenas uma prova do caráter subversivo dessa indisciplinada e aberrante criatura que contraria os princípios da Mãe Natureza, portanto deve ser ceifada com requintes de crueldade, e seus restos mortais jogados ao forno-carvoeiro, para que possa se transformar em alguma coisa útil, capaz de alegrar as churrascadas de cotia que vamos dar quando da chegada de nossas amigas vacas com seus taurinos maridos e amantes equinos.

– Tudo bem, não discordo do senhor, mas, apesar desse ecoparadoxo, foi aqui, sob essa copa frondosa, que aprendi a usar, com muita habilidade, a minha esquerda.

– Dá pra... quer dizer, pode me explicar melhor?!

– Todos os animais, inclusive a cotia, que costuma espalhar sementes de castanheira por todos os recantos da floresta, a fim de preservar a produção de alimentos, usavam a mão direita para quebrar a casca da castanha, enquanto somente eu batia com a esquerda...

– Quer dizer que foi daí que surgiu seu apelido, Dona Canhota, é isso?

– Sacou de primeira! Tá ficando esperto que nem uma raposa, seu viadão!

Naquele exato momento, eis que surge na clareira um bando de vacas lideradas por uma cotia. Todas gritavam palavras de ordem no mais-que-perfeito estilo da militância político-esquerdista de memoráveis épocas: “Vacas! unidas! serão sempre comidas!”

Embasbacada, Dona Canhota grunhiu:

– Como pode uma cotia liderar uma manada de vacas-piranha?

O veadão relaxou seu aspecto agressivo, apoiou as munhecas na cintura e, encantado com a imagem da líder do movimento, respondeu:

– Aquela lá é a Kátia, a cotia catimbeira. Dizem que em outra encarnação ela foi vaca. Agora tá encabeçando o movimento GLSA, Gado Leiteiro e Sacanagens Afins, e também tá organizando uma parada sinistra no centro de uma megalópole desvairada.

Ato contínuo, o viadão disparou em direção ao numeroso grupo de ecomilitantes em causa própria, saltitando como um veado urbano e cantarolando eufórico: “Eu vou, eu vou, com Kátia agora eu vou! Pararatibum!”

Dona Canhota, igualmente extasiada diante daquele agitado movimento de reivindicação animal, lembrou-se dos tempos em que os animais liam Eric Arthur Blair e diziam ter lido George Orwell.

Saudosa dos áureos tempos, Dona Canhota suspirou desolada e desabafou:

– Quem me dera poder liderar um movimento desse porte em defesa da minha castanheira solitária...

Quebrando a monotonia dos macabros uivos da floresta, um chiado contínuo e ondulante ecoou pelos céus da floresta:

(Contrarregra atualizado conforme o novo Acordo Ortográfico: “ShiiiIIIiiiiiiIIIiiiiiiiiiiiiiii...”)

Eram os ruídos de milhões de bagabagas, formigas-brancas, itapecuins, itapicuins, muchéns, punilhas, salalés, térmitas e térmites, que na verdade é tudo a mesma coisa: cupim.

Dona Canhota, que entendia e sabia decifrar todos os sons da floresta, pôde traduzir a onomatopaica mensagem que dizia: “Cupins! unidos! comem pau, mas não são comidos!”

– Eureka! – gritou a velha raposa (assim mesmo, com “k”, como convém aos mais espertos, aqueles que arremedam a cultura dos eruditos).

A partir daquele dia, Dona Canhota adotou a filosofia dos cupins cupinchas e viajou pelos vinte quatro cantos do país defendendo a preservação de sua castanheira solitária e comendo pau podre como quem saboreia madeira de lei fresquinha!

Ecomoral: Um veadão predador incomoda muita gente; uma raposa cupineira incomoda muito mais.

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Entidades do Recife realizam caminhada em defesa de um Código Florestal que atenda aos anseios da sociedade

Manifestação, que conta com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, terá caixões e coroas de flores, para simbolizar a morte da legislação ambiental e do patrimônio nacional brasileiro

No próximo dia 10 de julho (sábado), das 9h às 12h, as entidades Sociedade Nordestina de Ecologia, SERTA, SURFGURU e MST realizarão uma camimhada para marcar a aprovação de mudanças catastróficas na legislação ambiental brasileira. A manifestação, que acontecerá na orla de Boa Viagem, contará com caixões e coroas de flores, simbolizando a morte do Código Florestal e também de bens fundamentais de nosso patrimônio natural, como a água, as florestas, a biodiversidade e a regulação do clima.

A Comissão Especial do Código Florestal na Câmara dos Deputados aprovou nesta semana diversas mudanças na legislação atual. As mudanças, defendidas pela bancada ruralista e pelo setor do agronegócio, haviam sido compiladas em um relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo no início de junho. O texto aprovado pela Comissão segue agora para o plenário da Câmara dos Deputados, mas ainda não tem data definida para entrar em votação.

Entre as mudanças mais perigosas para o meio ambiente, estão a anistia para quem desmatou até 2008, o fim da reserva legal para propriedades de até quatro módulos, a diminuição das Áreas de Preservação Permanente e a autorização para que Estados e municípios legislem sobre o assunto.

A Fundação SOS Mata Atlântica vem acompanhando as discussões sobre o Código Florestal desde o início e em março deste ano lançou a campanha Exterminadores do Futuro, que tem por objetivo proteger a legislação ambiental brasileira, monitorando o andamento de leis e decretos e o comportamento dos parlamentares sobre temas que interfiram na proteção do bioma Mata Atlântica.

“Iniciativas como a das entidades pernambucanas são fundamentais para mostrar para a população o que está acontecendo em Brasília e como alguns deputados vem destruindo o meio ambiente e ameaçando nosso futuro”, disse Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da Fundação. “Os brasileiros estão preocupados com seu patrimônio natural e não querem ver as leis ambientais destroçadas, mas muitas vezes nem ficam sabendo o que acontece no Congresso. Por isso essas mobilizações regionais são tão importantes”.


CAMINHADA PELO CÓDIGO FLORESTAL
DATA: 10 de julho, sábado, às 9h (concentração)
LOCAL: Orla de Boa Viagem, em frente ao Ed. Acaiaca (caminhando até a Praça de Boa Viagem)
Contato: SNE, Carlos André Cavalcanti, (81) 9211-2205

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Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

Agência Assaz Atroz

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Centrais acusam tucano de impostura e golpe contra trabalhadores

Da redação do Portal Vermelho, com agências

As centrais sindicais lançaram manifesto conjunto na última quarta-feira (7) onde alertam a população para que não se deixe enganar pelas mentiras veiculadas na rádio e na televisão por José Serra, candidato de Fernando Henrique e do PSDB à Presidência da República, a respeito de pretensas medidas que teria proposto em prol da classe trabalhadora. Serra age como um verdadeiro lobo vestido em pele de cordeiro.

Sob o título “Serra: impostura e golpe contra os trabalhadores”, CUT, Força Sindical, CTB, CGTB e Nova Central denunciam que “o candidato José Serra (PSDB) tem se apresentado como um benemérito dos trabalhadores, divulgando inclusive que é o responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e por tirar do papel o Seguro-Desemprego. Não fez nenhuma coisa nem outra. Aliás, tanto no Congresso Nacional quanto no governo sua marca registrada foi atuar contra os trabalhadores”. De acordo com as centrais, “a mentira tem perna curta e os fatos desmascaram o tucano”.

Falsificando a história

A nota assinada pelos presidentes das centrais (Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil; Artur Henrique, da Central Única dos Trabalhadores; Miguel Torres, em exercício, da Força Sindical; Antonio Neto, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil e José Calixto Ramos, da Nova Central Sindical dos Trabalhadores) ressalta é fundamental que a população seja bem informada a respeito dos fatos para que dimensione o tamanho da falsidade que vem sendo divulgada pelo PSDB.

“A verdade”, esclareceram, é que “o seguro-desemprego foi criado pelo decreto presidencial nº 2.284, de 10 de março de 1986, assinado pelo então presidente José Sarney. Sua regulamentação ocorreu em 30 de abril daquele ano, através do decreto nº 92.608, passando a ser concedido imediatamente aos trabalhadores”. Da mesma forma, “o FAT foi criado pelo Projeto de Lei nº 991, de 1988, de autoria do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS). Um ano depois Serra apresentou um projeto sobre o FAT (nº 2.250/1989), que foi considerado prejudicado pelo plenário da Câmara dos Deputados, na sessão de 13 de dezembro de 1989, uma vez que o projeto de Jorge Uequed já havia sido aprovado”.

Reprovado pelo Diap

Na Assembleia Nacional Constituinte (1987/1988), o candidato tucano votou reiteradamente contra os trabalhadores, assinala o manifesto: “Serra não votou pela redução da jornada de trabalho para 40 horas; não votou pela garantia de aumento real do salário mínimo; não votou pelo abono de férias de 1/3 do salário; não votou para garantir 30 dias de aviso prévio; não votou pelo aviso prévio proporcional; não votou pela estabilidade do dirigente sindical; não votou pelo direito de greve; não votou pela licença paternidade; não votou pela nacionalização das reservas minerais”.

Por isso, conforme recordam os sindicalistas, José Serra foi reprovado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que conferiu aos parlamentares uma nota entre zero a dez de acordo com a posição assumida na votação dos temas de interesse da classe trabalhadora, em particular o capítulo sobre direitos sociais.

Serra, que a esta altura já tinha se bandeado para o lado da direita, teve nota 3,75 pelo desempenho na Constituinte. Vale lembrar que no primeiro turno da Constituinte, o atual candidato tucano tirou nota 2,50 e, no segundo turno, por se ausentar em várias votações em que havia votado contra, levou nota 5,0 – o que lhe elevou a média para 3,75.

Homem do capital financeiro

Já em 1994, diante da proposta de Revisão Constitucional, lembram as centrais, “Serra apresentou a proposta nº 16.643, para permitir a proliferação de vários sindicatos por empresa, cabendo ao patrão decidir com qual sindicato pretendia negociar. Ainda por essa proposta, os sindicatos deixariam de ser das categorias, mas apenas dos seus representados. O objetivo era óbvio: dividir e enfraquecer os trabalhadores e propiciar o lucro fácil das empresas. Os trabalhadores enfrentaram e derrotaram os ataques de Serra contra a sua organização, garantindo a manutenção de seus direitos previstos no artigo 8º da Constituição”.

Conforme o manifesto, “é por essas e outras que Serra, enquanto governador de São Paulo, reprimiu a borrachadas e gás lacrimogêneo os professores que estavam reivindicando melhores salários; jogou a tropa de choque contra a manifestação de policiais civis que reivindicavam aumento de salário, o menor salário do Brasil na categoria; arrochou o salário de todos os servidores públicos do Estado de São Paulo”.

“As Centrais Sindicais brasileiras estão unidas em torno de programa de desenvolvimento nacional aprovado na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, em 1º de junho, com mais de 25 mil lideranças sindicais, contra o retrocesso e para garantir a continuidade do projeto que possibilitou o aumento real de 54% do salário mínimo nos últimos sete anos, a geração de 12 milhões de novos empregos com carteira assinada, que acabou com as privatizações, que descobriu o pré-sal e tirou mais de 30 milhões de brasileiros da rua da amargura”, conclui o documento assinado pela CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB.

Enfim, Serra é um homem do capital financeiro e, como tal, já se revelou inimigo da classe trabalhadora. Definitivamente não merece a confiança das centrais sindicais.

Como se gesta uma catástrofe ecológica

Emir Sader: CARTA MAIOR

“Reston, no Estado de Virginia, periferia de Washington DC, está a milhares de quilômetros do Golfo do México, de suas costas cheias de óleo e do desastre ecológico. No entanto, foi lá que tudo começou, onde estão os escritórios da corporação International Resgistries (IRI).”

Quem conta é Khadua Sherife, jornalista, em artigo reproduzido na edição brasileira do Le Monde Diplomatique – uma das melhores, se não a melhor publicação escrita brasileira – deste mês. A empresa propõe a seus clientes – segue relatando ele – contornar a regulamentação marítima e instalar suas plataformas em um país com leis mais frouxas: a República das Ilhas Marshall, um arquipélago de 62 mil habitantes no meio do Oceano Índico. A British Petroleum é uma de suas clientes.

As Ilhas Marshall têm o maior índice de registros marítimos do mundo, com 221 plataformas de petróleo – 4 vezes mais do que os registros concedidos nos EUA, o país com as maiores empresas petroleiras. Como o Panamá e a Libéria, as Ilhas Marshall também propõem uma “jurisdição do sigilo”, funcionando como formas de paraísos fiscais e centros financeiros não continentais. Não é necessário sequer estar lá para obter essa forma de permissividade e criar uma empresa.

Sherife, fingindo ser um possível cliente, entrou em contato por internet com a IRI, apenas alguns dias da explosão do Golfo do México e recebeu como resposta que a criação de uma empresa registrada na Olha não tardaria mais do que um dia, com um custo total de USS 650 mil, mais 450 de renovação anual. Disseram que o status da nova empresa não seria publicado, podendo desfrutar da ausência completa de impostos e níveis de confidencialidade comercial inigualáveis.

Informa-se que a nova empresa deseja instalar uma plataforma do tamanho daquela da BP e a IRI propõe um parcelamento em cotas de 15 mil dólares, acrescidos de 15 centavos por barril e uma redução de 50% para uma frota de 10 ou mais plataformas com menos de 15 anos.

A BP valeu-se amplamente desses privilégios das Ilhas Marshall. Encabeçando 294 filiais registradas em países que garantem sigilo, aumentou sua produção, alugando a plataforma Deepwater Horizon. No dia 20 de abril deste ano a instalação da plataforma estava quase concluída, à exceção de um poço que ainda necessitava ser perfurado. Diante do curso diário da plataforma, os gerentes da BP decidiram ignorar os procedimentos de segurança. Embora estivessem conscientes dos problemas que o sistema de antiexplosão apresentava, buscaram um único objetivo: perfurar a qualquer custo.

Como uma das conseqüências disso 11 operários morreram, milhares de pessoas foram direta e indiretamente afetadas e o ecosistema de Nova Orleans pode levar centenas de anos para se restabelecer. Mas o diretor da BP, Tony Hayward, afirmou: “O impacto ambiental desse desastre será, provavelmente, bastante modesto”.

Assim se gestou a maior catástrofe ambiental contemporânea.

Decisão de distritais é desmoralização

Editorial do Correio Braziliense - 09/07/2010

O ruim pode piorar. Outra não é a conclusão a que os brasilienses chegam depois das notícias sobre a Câmara Legislativa. Por decisão unânime, a Mesa Diretora aprovou a proposta de redução do expediente dos parlamentares. Durante a campanha eleitoral, os deputados só trabalharão um dia na semana. Pior: manterão o subsídio integral. Significa que a diária paga aos representantes do povo se aproxima do salário mensal de médico ou professor da rede pública do Distrito Federal.

É lamentável que o Legislativo da capital, sonhado para ser modelo para o restante do país, inspirou-se nos piores vícios das piores casas legislativas nacionais. Nepotismo, empreguismo, tráfico de influência, projetos contrários ao interesse público, plenários vazios constituem regra, não exceção. Mais: com indesejável frequência, representantes dos eleitores de Brasília abandonam o noticiário político para frequentar o policial.

No escândalo Caixa de Pandora, mais da metade dos 24 integrantes da Casa se revelaram destinatários de favores imorais ou envolvidos na percepção de propinas. As imagens, divulgadas por jornais, revistas e tevês, mostram a desenvoltura com que deputados embolsavam somas de origem duvidosa. Dinheiro na meia e dinheiro na bolsa tornaram-se símbolo das falcatruas perpetradas contra o erário. Verbas que deveriam se destinar à educação, saúde, transporte ou segurança encontraram caminhos nada nobres — engordaram as contas de poucos em detrimento do bem de todos.

Antes, representantes do DF protagonizaram ultrajes que constrangem as consciências civilizadas. Desvio de recursos públicos, assassinato, turismo sexual servem de exemplo. Confiantes na impunidade e na lentidão da Justiça, parlamentares fichas sujas se lançam agora em nova aventura eleitoral. Sem constrangimento, usam o mandato para levar vantagem na corrida às urnas. Nenhum outro trabalhador goza do privilégio de comparecer ao trabalho uma vez por semana e, ao fim do mês, receber o salário integral.

É revoltante. No momento em que se impõe renovação maciça da Câmara Legislativa, os deputados zombam do eleitor. A expectativa é que o troco venha rápido. Em 3 de outubro, o brasiliense deve fazer as vezes de juiz. Justo, dizer não a todos os que não souberam honrar a confiança neles depositada.

Bancos precisam repassar os ganhos com a internet

Valor Econômico - 09/07/2010

Quinto país no mundo em conexões com a rede mundial de comunicação por computador e um dos maiores mercados das redes sociais Orkut e Facebook, era natural que o Brasil se tornasse também fervoroso adepto do banco pela internet.

Foi no ano passado que a internet assumiu a liderança das transações bancárias, superando o aparentemente imbatível caixa eletrônico, as tradicionais agências e o emergente correspondente bancário. A disparada ocorreu a partir da segunda metade da década, não por acaso o período em que o acesso à internet cresceu 75% no país, atingindo pouco mais de um terço da população e, curiosamente, de modo democrático, isto é, chegando inclusive à população de menor escolaridade, por meio das "lan houses".

Quase 50 milhões de brasileiros utilizaram a internet para realizar serviços bancários em 2009. Um ano antes eram 30 milhões, o dobro do registrado em 2004.

A internet passou a ser o canal de atendimento bancário preferido pelos clientes pessoas físicas e jurídicas, por meio do "home" e do "office banking", viabilizando 30,6% das transações bancárias em 2009. Assim, a internet superou, como canal de realização de operações bancárias, ainda que por ligeira margem, o caixa eletrônico, que respondeu por 29,7% dos negócios em 2009.

Na boca do caixa das agências, foram realizadas 23,8% das transações, pondo por terra a velha crença de que o cliente prefere o contato olho no olho. A experiência de longas esperas, desagradável apesar das senhas, cadeiras e ar-condicionado está mudando rapidamente os costumes. Não há filas no banco pela internet, e o horário de atendimento é totalmente flexível. Na verdade, a participação das agências nas transações bancárias em 2009 até declinou, 2%.

O desenvolvimento de mecanismos de segurança das operações também colaborou. Sinal disso é que a internet foi utilizada em 18% das operações em valor. Os clientes deixaram de usar a internet apenas para consultar saldos e extratos e passaram a realizar operações financeiras. Dos 8,4 bilhões de transações realizadas pela internet em 2009, 40% foram consultas e 17,5%, pagamentos e transferências.

Há apenas quatro anos, mais negócios bancários eram realizados nas agências (26%) do que pela internet (24,5%). O campeão de transações era o caixa eletrônico (34,6%).

Atualmente, todo os canais de atendimento remoto, incluindo internet, caixas automáticos, centrais de atendimento por telefone, representam nada menos do que 66,7% das transações bancárias. O percentual tem ficado estável nos últimos quatro anos, apenas mudando a preferência do cliente pelo canal.

Os bancos estimulam o crescente uso da internet pelos clientes e o motivo é simples: o custo da transação por computador é de cerca de 10% da operação feita na boca do caixa. Nos terminais de autoatendimento, o gasto do banco equivale a 35% ao de uma operação feita na agência; e, no atendimento telefônico, 60%.

Mas as tarifas cobradas dos clientes ainda são elevadas e não há um claro estímulo financeiro ao uso da internet. Desde que o Banco Central, pressionado pelos órgãos de defesa do consumidor, passou a legislar sobre a cobrança das tarifas bancárias, em 2007, instituindo um cardápio de serviços básicos gratuitos, a situação do cliente melhorou.

Levantamentos feito tanto pelos bancos, por meio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), quanto pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), de São Paulo, constataram a estabilidade ou queda de tarifas de produtos bancários importantes como folha de cheque ou transferências. Segundo a Febraban, do total de 30 serviços bancários cuja cobrança foi regulamentada, 23 registraram redução de tarifa depois que a nova regra foi criada.

Os bancos buscaram compensar a pressão usando a criatividade e criando novas cobranças, como a renovação semestral do cadastro. Em setembro do ano passado, o BC voltou a agir para coibir essa prática. Apenas o fim da cobrança da tarifa de renovação do cadastro possibilitou a queda de 52% em um menu básico de tarifas consideradas essenciais pelo Procon, composta principalmente por serviços gratuitos, pesquisados em dez bancos, entre abril de 2009 e maio de 2010.

A média, porém, sempre esconde os exageros como o fato de o Banco do Brasil ter aumentado em 20% o valor da tarifa de envio de talão de cheques e o HSBC ter passado a cobrar por esse serviço, segundo o levantamento do Procon. Outro sinal de que algo está errado é a diferença gritante entre o preço do pacote básico de serviços, conforme o banco. O preço varia de R$ 10,50 no Itaú e Unibanco até R$ 18,00 no Real e Santander e R$ 20,00 no Safra - diferença que chega a 90,5%. Fora do pacote básico, então, os preços são bem mais salgados e díspares.

Por isso, apesar dos esforços de se controlar a cobrança de tarifas bancárias, elas continuam crescendo no balanço dos bancos. Em 2009, a receita de serviços dos 50 maiores bancos aumentou 16,3% e somou R$ 25,7 bilhões, de acordo com o Banco Central. Especificamente a receita de tarifas avançou 8,7% para R$ 7,5 bilhões.
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