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A Universidade de Coimbra justificou da seguinte maneira o título de Doutor Honoris Causa ao cidadão Lula da Silva: “a política transporta positividade e com positividade deve ser exercida. Da poesia para o filósofo, do filósofo para o povo. Do povo para o homem do povo: Lula da Silva”

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Onde Lula é rei

Em Pernambuco, redução da pobreza, projetos sociais e obras vistosas transformam a admiração pelo presidente em idolatria


Por Amauri Segalla, de Buenos Aires
Isto é*


A casa de Catilene Francisco do Nascimento Silva, 18 anos e grávida de seis meses, é um dos 3.573 domicílios do município de Buenos Aires, a 100 quilômetros do Recife, em Pernambuco. As paredes de taipa, construção que utiliza barro amassado em vez de tijolos, foram erguidas no alto de um morro batizado com o poético nome de Chã de Mulatas, de onde se vê uma imensidão de terra seca. Água limpa, só a meia hora de distância, em lombo de mula.

A residência tem três cômodos. Uma sala com dois sofás e televisão de 20 polegadas, um quarto com colchão de casal, penteadeira e dois criados-mudos, uma cozinha com fogão a lenha e panelas de ferro. O banheiro fica nos fundos do terreno, na verdade um buraco no chão cercado por paredes de madeira. Catilene mora com a mãe, a boia-fria Suely, a irmã Érica, 11 anos, e o primo Allyson, 10. O pai da família sumiu. Catilene está infeliz? Muito longe disso. “Esse é o melhor momento da minha vida”, diz a garota. “Antes, a gente não tinha nem o que comer e dormia no chão duro. Agora, tem carne quase todo dia na mesa e até tevê em casa.” Ela diz que o milagre atende pelo nome de Lula – o “painho Lula”, como muitos nordestinos, especialmente os mais pobres, chamam o presidente que deixa o poder no dia 31.


Lula é idolatrado no Nordeste. De acordo com institutos de pesquisa, os índices de aprovação de seu governo estão próximos de 90%, percentual inédito e que torna a admiração dos nordestinos quase uma unanimidade. Em Pernambuco, Estado natal do presidente, a candidata do PT, Dilma Rousseff, foi a mais votada em todas as cidades. Em Buenos Aires, Lula é rei. No segundo turno da eleição presidencial, Dilma recebeu 82% dos votos válidos do município, apesar da falta de apoio do prefeito Gislan de Almeida Alencar, do PSDB, o mesmo partido de José Serra. “A vida do povo melhorou. Como é que eu vou brigar com isso?”, pergunta Alencar. Catilene, claro, votou em Dilma, e explica suas razões. “A gente recebe R$ 130 do Bolsa Família e minha mãe ganha uns R$ 300 trabalhando na roça”, diz. “Dá para ter um monte de coisa.” Além do aumento real do poder de compra dos pobres – a renda das classes D e E dobrou nos últimos oito anos –, o crédito farto e mais barato abriu as portas para um mundo até então desconhecido por essas pessoas. A família de Catilene pagou R$ 420 pelo colchão, divididos em 12 prestações de R$ 35. Para ela, é duro, sofrido mesmo, pagar a fatura. A diferença é que agora é possível.

Número de miseráveis caiu 20%

Buenos Aires tem 12 mil habitantes e, ao contrário da capital argentina, nenhuma churrascaria. Faz calor o ano todo, com temperatura perto de 40 graus no verão. Em torno da praça principal, para onde converge uma dúzia de ruas asfaltadas, ficam as quitandas, mercearias, bares e lojas que vendem de tudo, de vassouras a aparelhos de som. À medida que o visitante se afasta do centro, as casas parecem mais humildes, com o asfalto substituído por terra. Basta apenas uma pergunta – a vida melhorou ou piorou nos últimos anos? – para que a força de Lula se revele. “Melhorou demais da conta”, diz Janice Oliveira da Silva, gerente da loja que vendeu o colchão para Catilene. “Todo mundo tem cartão de crédito, não dou conta de tantos pedidos.” No século XXI, o número de miseráveis caiu 20% em Pernambuco e isso é obra de políticas sociais como o Bolsa Família (o Nordeste fica com cerca de 50% dos recursos do programa) e da maior oferta de emprego (nesta década, em nenhum lugar do Brasil o total de vagas de trabalho cresceu tanto quanto na região. Em Pernambuco, a alta foi de 5% em 2010).

São seis horas da manhã e Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, está na beira da estrada à espera do ônibus que vai levar as filhas Maria Eduarda dos Santos, 10 anos, e Maria Lúcia dos Santos, 6, para a escola em Buenos Aires. As garotas estão uniformizadas, de mochila nas costas e lancheira nas mãos. Marinalva conta sua história, enquanto atrás dela um grupo de micos assalta uma bananeira. “Elas são as primeiras mulheres da minha família que sabem ler e escrever”, diz, de olhos marejados. “Eu tive que trabalhar para ajudar no sustento da casa, mas as meninas não precisam ir para a roça.” O pai das crianças, Luís dos Santos, recebe um salário mínimo como agricultor, dinheiro suficiente para fazer com que as filhas possam trocar a enxada pelos livros. Nos últimos oito anos, o salário mínimo do Brasil saltou de US$ 86 para US$ 300. É diferença suficiente para que famílias pobres como os Santos possam abdicar da labuta precoce dos filhos. “Buenos Aires recebeu esse nome de um padre argentino que veio morar aqui e achou legal homenagear uma cidade de seu país”, diz a esperta Maria Eduarda, que sonha em ser professora. “Ainda bem, porque antes Buenos Aires era chamada de Jacu. Ficou mais bonito, né?” Estudos confirmam a melhoria dos índices educacionais. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos eram analfabetos. Hoje, o percentual é de 17,6%.

Se Lula é popular em Buenos Aires, ele praticamente atingiu a unanimidade em Calumbi, no semiárido pernambucano e a 30 quilômetros de Serra Talhada, cidade que tem o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, como filho ilustre. Dos 4,4 mil votos válidos em Calumbi, 4,2 mil (ou 96,5% do total) foram para Dilma no segundo turno das eleições presidenciais – em nenhum outro lugar do País a vitória da presidente foi tão avassaladora. Os mesmos avanços sociais observados em Buenos Aires tornaram Lula rei no município. “Lula é um verdadeiro mito para nós”, diz o prefeito Erivaldo José da Silva, do PSB. Silva diz que recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitiram que 100% dos domicílios da área urbana da cidade passassem a ter saneamento básico, ao custo de R$ 3,5 milhões liberados pelo governo federal (isso não impediu, porém, que o próprio banheiro de seu gabinete na prefeitura sofresse com a falta d’água. Como a descarga não funciona, um balde foi colocado ao lado da privada). Com a ajuda do governo do Estado, alinhado com Lula, uma ponte está sendo construída para permitir, no período das chuvas, o acesso dos moradores rurais ao centro da cidade. A obra, orçada em R$ 3 milhões, vai reduzir de duas horas para dez minutos a travessia do rio Pajeú. “Lula nos ajudou muito”, diz o prefeito Silva.

R$ 3 milhões para ponte no sertão


Em Calumbi, é mais fácil encontrar um jovem de espingarda em punho, caminhando desassombradamente pelas ruas – como a reportagem de ISTOÉ realmente encontrou –, do que achar quem votou em Serra. Oficialmente, 200 pessoas optaram pelo candidato do PSDB, mas ninguém sabe quem são. “Vai pegar muito mal alguém dizer que preferiu o Serra”, diz o prefeito. “Eu até agora não vi um que assumisse.” Durante a campanha, o prefeito foi de porta em porta pedir votos para Dilma. “Esperamos que Dilma faça por nós o mesmo que Lula fez”, diz Sirlene Cordeiro, líder da Câmara dos Vereadores da cidade. Calumbi tem como maior orgulho a centenária Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em torno da qual é realizada, todo dia 8 de dezembro, uma festa em homenagem à santa. A tradição, que começou em 1877, reúne moradores da própria cidade e de municípios vizinhos, alguns deles com nomes dignos de boa literatura, como Triunfo, Flores e Afogados da Ingazeira (locais em que Dilma, a propósito, teve mais de 70% dos votos válidos). Agora, além da festa de Nossa Senhora, Calumbi orgulha-se de ser a terra onde Lula é mais querido. “Coisa linda, é uma honra para nós”, diz o prefeito, refestelado na puída poltrona de seu gabinete. Enquanto o prefeito fala, ouvem-se, do lado de fora, a voz e os gritos do locutor Galvão Bueno. É que diante da prefeitura fica um pequeno salão que aluga jogos de videogame. O preferido da turma é o PES 2011 para o PlayStation, que traz jogos de futebol narrados por Galvão. São 9 horas da manhã e o salão está lotado de jovens calumbienses que admiram times como Barcelona e Inter de Milão. Ao lado da flâmula desses clubes, vê-se um santinho de Dilma colado na parede.

Pernambuco recebe mais recursos

Não é obra do acaso o fato de Dilma ter recebido votação recorde em Pernambuco. Em 2010, o Estado foi o quinto da nação a contar com mais recursos do governo federal, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Esse dinheiro é revertido quase sempre em obras vistosas para a população. Pernambuco é também o terceiro Estado mais visitado por Lula, depois de São Paulo e Rio. Algumas cidades foram palco de programas com forte apelo de marketing. Em Garanhuns, no agreste pernambucano, existe um conjunto habitacional inteiro conhecido como “a casa de Lula”. Trata-se de um projeto que prevê a doação de mil residências para moradores pobres da cidade. O bairro, erguido a 20 quilômetros de Caetés, município onde Lula nasceu, já recebeu cerca de 600 famílias, que não desembolsaram um centavo sequer para se instalar nos imóveis, construídos com dinheiro da União. Uma dessas famílias é a de Lucicleide da Silva de Oliveira, que mora com o marido e quatro filhos na casa de 63 metros quadrados. “Lula é um santo homem”, diz Lucicleide. “Há dois anos, eu vivia num barraco de taipa e chão de barro, no meio do mato, com ratos e cobras por toda a parte”, diz. “Fiz a inscrição para receber a casa de graça, mas achei que não ia dar em nada. Quando fui avisada que tinha sido sorteada, desmaiei de tanta alegria.” Orgulhosa, ela cuida com zelo de seu imóvel e exibe, toda sorrisos, o que conquistou nesses últimos anos: tevê de 42 polegadas, aparelho de som, aparelho de DVD, geladeira e fogão. Tudo isso com a renda do Bolsa Família e do dinheiro que o marido recebe como pedreiro. Hoje, sua maior preocupação é típica de quem ascendeu socialmente. “Tenho medo de assalto, de que levem as minhas coisas.”

Caetés, cidade natal do presidente (na verdade, era um distrito de Garanhuns quando Lula nasceu, tendo sido emancipada apenas em 1963), tem 26 mil habitantes e é um daqueles lugares que conquistam o visitante pela simpatia de seus moradores. “Quer ficar para o almoço?”, pergunta o agricultor Marcelo Gonçalves, dono de uma casa de um dormitório que fica na periferia da cidade. Os três filhos de Marcelo, ele próprio e sua mulher, Giovana, estão encantados com as maravilhas da tecnologia. Desde julho, as crianças carregam para cima e para baixo um computador portátil, com internet com rede wireless, jogos e programas educacionais. Os notebooks foram entregues a todos os alunos da rede pública de Caetés e fazem parte do programa nacional Um Computador Por Aluno (Prouca). Até então, ninguém da família tinha manuseado um equipamento desse tipo. Na cidade, as cenas se repetem e impressionam: na praça principal, nas ruas, nas mercearias, no meio-fio, em qualquer lugar, centenas de crianças e jovens estão como que hipnotizados pelo computador, jogando compulsivamente. Leonardo Barbosa Gonçalves, 13 anos, aluno da 5ª série, foi um dos alunos flagrados pela reportagem de ISTOÉ e custou a tirar os olhos da tela, até para responder a perguntas. “Foi o Lula que deu o computador para nós”, diz Leonardo. “É bom para estudar, mas o divertido mesmo é entrar na internet.” Em Caetés, são raros os pontos com rede wireless, o que restringe o uso da internet às próprias escolas. Mas ninguém reclama. “Pelo menos agora a gente pode ver como é o mundo lá fora”, diz Leonardo.

A idolatria por Lula é percebida até na capital Recife, onde Dilma recebeu 65% dos votos válidos no segundo turno da eleição presidencial. No canto da praia de Boa Viagem, a mais popular da cidade, o pescador Tiago Custódio, 38 anos, afirma que está feliz da vida. Há um mês, saiu a aprovação de um financiamento do programa Minha Casa Minha Vida, projeto federal de concessão de linhas de empréstimos para a compra de imóveis populares. “Você tem ideia do que isso significa para mim?”, pergunta Custódio. “Significa que vou possuir o que meu pai tentou a vida inteira, mas não conseguiu: a casa própria.” O pescador tem uma renda mensal de R$ 1 mil, o dobro de dois anos atrás. “Os negócios estão bombando”, diz ele, que fornece peixes para restaurantes dos arredores da praia. “Às vezes, vendo direto para os turistas, que pagam um dinheirão por qualquer coisa que saia do mar.” Por que tudo está indo tão bem? “Essa é fácil”, responde Custódio. “É por causa do painho Lula.”

*Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/4/onde-lula-e-rei

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